Mais memórias da infância
Antes de passar à minha fase adolescente, gostaria de relatar ainda certos acontecimentos ocorridos em minha infância, que acredito, valerá a pena compartilhar, e sobre os quais ainda não tive oportunidade de falar, aqui. Este exercício de relembrar minha vida desde o começo, para poder narrá-la como se fosse um filme, tem se revelado muito interessante. Memórias há muito não acessadas voltam a se fazer presentes.
Eu mencionei antes que me lembro de coisas de minha vida intra-uterina. E isso, por mais incrível que possa parecer, é a pura verdade. O fato é que eu me lembro de como eram as coisas dentro do ventre de minha mãe. Minha lembrança mais vívida é a dela conversando com meu pai e com meu irmão, a meu respeito. Eu, lá de dentro, de algum modo podia “ver” as pessoas que estavam à minha volta, e entender o que diziam(!). Lá dentro era muito agradável, um conforto total, quente e macio... Claro que não costumo comentar esse tipo de coisa com ninguém, sob pena de ser taxado de maluco. E eu tenho que dizer que compreenderia perfeitamente as pessoas me chamarem assim. Isso é fantástico demais para ser, simplesmente assim, aceito sem mais aquela. A única coisa que posso fazer é dar minha palavra de que estou falando a verdade. Eu mesmo me surpreendo com isto, mas já desisti de tentar entender...
Outra lembrança interessante da minha infância: com seis anos de idade fiquei doente, acometido de uma forte infecção hepática. Alguma coisa que eu comi... e eu sei que foi uma esfirra de carne que já fazia aniversário na vitrine daquele bar. Minha mãe resolveu não me levar ao médico antes de tentar um tratamento à base de chás e alimentação inócua. Lembro que vomitei muito, muito mesmo, por dois dias inteiros. Fiquei de cama. Era inverno e fazia muito frio, então minha mãe me cobriu com dois bons cobertores, daqueles sulistas, pesadões, que não deixam o frio chegar nem perto.
Nesse dia, de olhos fechados, debaixo das cobertas, sozinho e amuado, comecei a ver coisas meio estranhas... Vi um ambiente escuro e úmido, pulsante, que de alguma maneira eu sabia estar localizado dentro do meu corpo. Eu estava vendo o interior do meu organismo, em alguma parte específica! E nesse lugar vi uma infinidade de corpúsculos escuros, como se fossem pequenos monstros, que devoravam paredes e tecidos vivos, parecendo operários demolindo um velho edifício condenado. Nesse exato momento entendi que eram vírus atacando meu corpo(*). Minha reação foi imediata: cerrei com mais força os meus olhos, e imaginei um exército de homenzinhos luminosos, como pequenos soldadinhos, usando capacetes e tudo, invadindo aquele ambiente e atacando os monstrinhos. Fiquei ali, debaixo do cobertor, de olhos fechados, assistindo aquela cena dantesca: Num ambiente escuro, viscoso e vivo, parecido com o interior de uma caverna pulsante, se desenrolava uma batalha interminável entre soldadinhos luminosos e monstrinhos devoradores de entranhas... A luta se dava na base da porrada, mesmo. Não haviam armas. Era uma batalha inglória para os soldadinhos, porque os monstrinhos eram resistentes. Então eu, que torcia pelos soldados, por motivos óbvios, mandei mentalmente mais e mais reforços, até que o exército inimigo, o dos monstros, fosse dominado e por fim totalmente dizimado. Imediatamente me senti melhor e pulei da cama, suando em bicas, mas sem febre, me sentindo bem disposto e saudável. Minha mãe, surpresa ao me ver bem disposto, me disse que já se preparava para me levar ao médico, porque eu não estava melhorando, e que ela tinha medido 39º de febre. Apesar de já ter percebido que eu estava ótimo, fez questão de medir minha temperatura novamente, e constatou que a febre tinha cedido completamente.
(*) Infecção é todo processo inflamatório no qual exista um agente infeccioso. Os agentes infecciosos são seres vivos microscópicos, mono, pluricelulares ou até mesmo formados apenas por uma cadeia de ácido ribonucléico, como é o caso dos vírus. = wilkipedia.
É isso aí, pessoal. Eu não tenho repostas para explicar como uma criança de seis anos, que nunca ouviu falar em germes, bactérias ou vírus, e muito menos sabe alguma coisa sobre o sistema imunológico humano, pode ter “visto” uma cena como a descrita acima. Mas o mais importante é observar que, na verdade, eu é que comandei (eu não tenho dúvidas disto) meus agentes auto-imunes no ataque contra os agentes invasores que atacavam meu fígado. Isto aconteceu, lá pelos idos de 1973, com um garotinho meio diferente.
Eu mencionei antes que me lembro de coisas de minha vida intra-uterina. E isso, por mais incrível que possa parecer, é a pura verdade. O fato é que eu me lembro de como eram as coisas dentro do ventre de minha mãe. Minha lembrança mais vívida é a dela conversando com meu pai e com meu irmão, a meu respeito. Eu, lá de dentro, de algum modo podia “ver” as pessoas que estavam à minha volta, e entender o que diziam(!). Lá dentro era muito agradável, um conforto total, quente e macio... Claro que não costumo comentar esse tipo de coisa com ninguém, sob pena de ser taxado de maluco. E eu tenho que dizer que compreenderia perfeitamente as pessoas me chamarem assim. Isso é fantástico demais para ser, simplesmente assim, aceito sem mais aquela. A única coisa que posso fazer é dar minha palavra de que estou falando a verdade. Eu mesmo me surpreendo com isto, mas já desisti de tentar entender...
Outra lembrança interessante da minha infância: com seis anos de idade fiquei doente, acometido de uma forte infecção hepática. Alguma coisa que eu comi... e eu sei que foi uma esfirra de carne que já fazia aniversário na vitrine daquele bar. Minha mãe resolveu não me levar ao médico antes de tentar um tratamento à base de chás e alimentação inócua. Lembro que vomitei muito, muito mesmo, por dois dias inteiros. Fiquei de cama. Era inverno e fazia muito frio, então minha mãe me cobriu com dois bons cobertores, daqueles sulistas, pesadões, que não deixam o frio chegar nem perto.
Nesse dia, de olhos fechados, debaixo das cobertas, sozinho e amuado, comecei a ver coisas meio estranhas... Vi um ambiente escuro e úmido, pulsante, que de alguma maneira eu sabia estar localizado dentro do meu corpo. Eu estava vendo o interior do meu organismo, em alguma parte específica! E nesse lugar vi uma infinidade de corpúsculos escuros, como se fossem pequenos monstros, que devoravam paredes e tecidos vivos, parecendo operários demolindo um velho edifício condenado. Nesse exato momento entendi que eram vírus atacando meu corpo(*). Minha reação foi imediata: cerrei com mais força os meus olhos, e imaginei um exército de homenzinhos luminosos, como pequenos soldadinhos, usando capacetes e tudo, invadindo aquele ambiente e atacando os monstrinhos. Fiquei ali, debaixo do cobertor, de olhos fechados, assistindo aquela cena dantesca: Num ambiente escuro, viscoso e vivo, parecido com o interior de uma caverna pulsante, se desenrolava uma batalha interminável entre soldadinhos luminosos e monstrinhos devoradores de entranhas... A luta se dava na base da porrada, mesmo. Não haviam armas. Era uma batalha inglória para os soldadinhos, porque os monstrinhos eram resistentes. Então eu, que torcia pelos soldados, por motivos óbvios, mandei mentalmente mais e mais reforços, até que o exército inimigo, o dos monstros, fosse dominado e por fim totalmente dizimado. Imediatamente me senti melhor e pulei da cama, suando em bicas, mas sem febre, me sentindo bem disposto e saudável. Minha mãe, surpresa ao me ver bem disposto, me disse que já se preparava para me levar ao médico, porque eu não estava melhorando, e que ela tinha medido 39º de febre. Apesar de já ter percebido que eu estava ótimo, fez questão de medir minha temperatura novamente, e constatou que a febre tinha cedido completamente.
(*) Infecção é todo processo inflamatório no qual exista um agente infeccioso. Os agentes infecciosos são seres vivos microscópicos, mono, pluricelulares ou até mesmo formados apenas por uma cadeia de ácido ribonucléico, como é o caso dos vírus. = wilkipedia.
É isso aí, pessoal. Eu não tenho repostas para explicar como uma criança de seis anos, que nunca ouviu falar em germes, bactérias ou vírus, e muito menos sabe alguma coisa sobre o sistema imunológico humano, pode ter “visto” uma cena como a descrita acima. Mas o mais importante é observar que, na verdade, eu é que comandei (eu não tenho dúvidas disto) meus agentes auto-imunes no ataque contra os agentes invasores que atacavam meu fígado. Isto aconteceu, lá pelos idos de 1973, com um garotinho meio diferente.
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