15 janeiro 2007

Hare Krishna

Ao publicar minha última postagem, me lembrei de contar uma coisa que aconteceu mais ou menos uns 7 ou 8 anos antes dela: Minha visita ao templo central do Movimento Hare Krishna em São Paulo.

Foi lá que eu adquiri aquela imagem de Krishna, que como eu contei, foi completamente destruída. Acho que acabei me esquecendo de contar essa etapa da minha busca, porque ela não foi assim tão marcante. Por isso, agora, antes de passar à sequência cronológica do post anterior, faço um pequeno resumo de como foi essa experiência:

O templo ficava (acho que não está mais lá) na Avenida Angélica, região da Avenida Paulista, e era uma casa muito grande, com diversas salas bastante amplas. Fui com um amigo, que na época iria ser meu sócio numa empresa de distribuição de incenso (o negócio não deu certo)... Chegando lá, fomos recebidos por um monge muito gente boa (do qual infelizmente não me lembro o nome), usando aquele traje típico, que o pessoal costuma brincar dizendo que a calça parece “cueiro de nenem”...

Não tenho muito a dizer sobre esse dia, a não ser que fiquei mais ou menos umas três horas, ininterruptas, conversando com o monge, e o assunto não acabava. Interesses em comum, sabem como é...

Enquanto conversávamos, outros monges iam chegando, vindo do seu trabalho diário de vender incenso e livros nas ruas, com o qual sobrevivem, e se prostravam diante da imagem de Krishna. Depois que vários deles estavam reunidos, começaram a dançar e cantar alegremente, com pandeiros e chocalhos, entoando seu mantra que nunca termina: "Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare / Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare..."

Os caras procuram seguir os Vedas (escrituras hindus), ao pé da letra, mais ou menos como alguns grupos evangélicos mais radicais tentam seguir a Bíblia, só pra se ter uma noção. A diferença é que os costumes dos hindus são muito diferentes dos nossos, ocidentais, então fica aquela coisa super exótica...

Achei bastante interessante encontrar dentro do templo uma estátua à imagem do fundador do movimento, Sri Bhaktivedanta Swami Prabhupada, tão perfeita e realista que parecia ser o ancião, de verdade, sentado numa poltrona almofadada ali no canto. Chegava a assustar!


Também achei curioso o fato de eles manterem uma comunidade alternativa em diversas cidades do interior do Brasil, chamada “Nova Gokula” onde os devotos procuram seguir a vida monástica; esta sim, bastante parecida com a dos monges católicos ou budistas: Os monges são celibatários, fazem voto de pobreza e de obediência, entregam suas vidas ao seu senhor Krishna e não comem carne em nenhuma hipótese.

O fato mais marcante, que me lembro daquele dia, do meu diálogo com o monge, foi o seguinte:

H K Merton: -Uma coisa que eu gostaria muito de entender melhor, é o porquê dessa forma de representar Krisnha, um ser com a pele azul, sempre ornamentado com muitos adereços e com sua flauta a tiracolo?

Monge: - Isso não é uma forma de representar o Senhor Krishna. Esta é a sua forma real. Ele realmente é assim...”

Esse diálogo eu gravei muito claro na memória porque até então eu achava que aquela forma tão diferente, azul e tudo mais, fosse apenas um jeito poético de representar essa grande encarnação, que eles acreditam ter vivido há 5 mil anos na Índia, e tendo permanecido entre nós por 125 anos.

Como nos últimos posts eu andei falando bastante sobre o Yoga, os Vedas, as Upanihsads, os Yoga Sutras e o Hinduísmo, de um modo geral, vou deixar pra esmiuçar os detalhes sobre essa ordem religiosa num momento oportuno, depois que terminar a primeira fase do Arte das artes. Pra quem quiser conhecer os princípios básicos da organização Hare Krishna no Brasil, basta uma pesquisa no site oficial, que eu deixei linkado no começo do post.

Amanhã, o post-continuação de "Sinais".