06 dezembro 2006

Projeção astral e EQM - conclusão

O que eu poderia concluir, depois de tudo que contei no último post?

É possível aprender alguma “técnica” para aprender a sair do corpo? Baseado em minha própria experiência, testemunhos que colhi e estudos aprofundados, que incluem entrevistas com diversos professores do IIPC, estou convencido de que a resposta é não.

Além disso, resolver essa questão de uma vez por todas na verdade seria muito simples: Ora, se alguém pudesse realmente se "projetar" no astral, na hora em que bem quisesse, isso não seria muito fácil de se comprovar através de uma experiência extremamente simples? Os que se autodenominam “projetores conscientes” afirmam que podem dar a volta ao mundo em segundos, estar em qualquer lugar que queiram com a velocidade do pensamento, quando libertos do corpo físico, certo? Então é tudo muito simples, em vez de ficar discutindo, tentando convencer as pessoas através de exemplos e teorias complicadas, bastaria alguém sair do corpo e dizer o que está acontecendo num outro lugar (como foi proposto naquele famoso programa "Globo Repórter", e nada aconteceu...).

Uma vez eu falei o seguinte pra um desses “projetores”: “Você quer que eu acredite? Eu vou te dar o meu endereço e explicar como chegar lá. Nós combinamos um dia e horário, você vai até lá em “corpo astral” e me diz o que eu vou estar fazendo naquela hora. Se você fizer isso, se você ao menos me disser qual é a cor da parede da minha sala, então eu acredito que você pode viajar no astral”. O gajo foi pego de surpresa. Hesitou um pouco, começou a mexer as mãos, nervosamente, depois sorriu amarelo: “Ah, mas é melhor você experimentar por si mesmo”...

Claro, a desculpa é sempre a mesma. E pra experimentar por mim mesmo eu tenho que pagar e fazer o curso, certo?.. Acho que se esse país fosse sério, essas instituições seriam fechadas e os responsáveis impedidos de continuar enganando as pessoas. Eu não costumo fazer afirmações aqui, quando se trata do imponderável. Mas esse assunto merece que eu abra uma exceção: Na minha opinião não existe esse negócio de "projetor consciente". Se existisse, isso já teria sido comprovado definitivamente, de forma inapelável, há muito tempo.

Mas e o fenômeno em si, existe? É real? Acredito que sim, por diversos e concretos motivos:

1. O testemunho de inúmeras pessoas idôneas e respeitáveis,

2. A imensa quantidade de casos relatados: entre 6 e 26% das pessoas ressuscitadas nas UTIs pelo mundo afora (isso é muuuuuita gente!), sendo que muitas eram declaradamente céticas, antes de passar por essas experiências),

3. Os vários pontos em comum entre todas as narrativas, mesmo antes da era da globalização, levou diversos neurocientistas à conclusão de que se tratam de mais do que mentiras ou delírios,

4. Em diversos casos, a morte cerebral permaneceu por um período de tempo que, clinicamente, impossibilitaria a continuidade das faculdades cerebrais normais, no caso de o indivíduo vir a se recuperar. Mas esses pacientes voltaram a vida normal depois de passar por uma experiência de EQM,

5. Este assunto foi uma espécie de tabu para os cientistas, até a virada do milênio. Hoje, sem ligar muito para a rejeição dos acadêmicos, vários cientistas dos EUA e Europa se propõem a estudar o fenômeno com metodologias sérias e 100% científicas,

6. Processos cerebrais que foram ativados durante eventos de uma EQM já foram detectados. Isso prova que algo real aconteceu com essas pessoas. Exemplo: Você está com fome e se depara com um prato com uma deliciosa fatia de lasanha aos 4 queijos, fumegante e perfumada, bem diante de você. Seu cérebro detona um processo que ativa as glândulas salivares e culmina na sua boca cheia “d´água”. Se você, no dia seguinte, novamente com fome, apenas se lembrar da lasanha, a salivação ocorre do mesmo jeito. Só de se lembrar. Então, a simples ocorrência do processo de salivação prova que você um dia saboreou essa lasanha, sabe que ela é gostosa, cheirosa, etc.

7. Experiências extracorporais incluem lembranças de fatos ocorridos enquanto os pacientes estavam desacordados. Por exemplo, um homem em coma atendido pela equipe do médico holandês Pim van Lommel teve a dentadura retirada. Acontece que essa dentadura foi perdida pela equipe médica. Mas o paciente reconheceu a enfermeira que lhe retirou a dentadura e disse que ela tinha guardado num carrinho de instrumentos cirúrgicos, coisa de que ela não se lembrava mais. E ele estava certo. Casos como esses são numerosos. Nós podemos escolher entre acreditar no fenômeno EQM ou não, mas é um fato que não há explicação satisfatória para casos como esses, a não ser a própria alegada "viagem" da consciência. Qualquer tipo de memória de um período em que a atividade cerebral for igual a zero é cientificamente impossível. E os casos estão aí.

Concluindo, eu acredito no fenômeno em si, mas também acredito que ele acontece quando deve acontecer, por motivos específicos, que nós não sabemos ainda como entender ou controlar.

Atualmente, a situação está no seguinte pé: O médico britânico Sam Parnia pretende provar, usando meios estritamente científicos, que a mente não depende do cérebro. Se bem sucedida, suas experiências podem vir a dissipar as controvérsias a respeito da EQM, através da observação objetiva: Seu estudo, que deve durar até 5 anos, envolverá 1500 pacientes na Inglaterra. Como as experiências extracorporais costumam ser narradas da perspectiva de quem flutua logo abaixo do teto, Sam vai posicionar telas de TV com seqüências aleatórias de imagens que só poderão ser vistas dessa posição. O ambiente será monitorado o tempo todo, assim como os sinais vitais do paciente no leito. Caso um paciente venha a identificar quais figuras foram projetadas durante sua morte clínica, estará provado que ele “voou” pela sala de cirurgia, já que a s imagens serão impossíveis de serem vistas de baixo.

Isso abriria um campo de estudos completamente novo para a ciência, que pressupõe que a mente e a consciência são produtos do cérebro, mas até hoje não explicou como um conjunto de circuitos elétricos pode gerar uma percepção individual do mundo e do próprio indivíduo.