31 outubro 2006

“The day after” e fase esotérica

Eu via beleza e Luz em todas as coisas e em todas as pessoas que encontrava pela frente. Assim continuei por horas e horas. Esse estado “alterado” de mente durou todo o resto daquela tarde, e também toda a noite, até a hora de dormir (que foi tarde, já que o sono não vinha). Tudo tinha uma razão, e eu podia perceber. Podia ver como cada folhinha de grama cumpria perfeitamente o seu papel no grande e maravilhoso espetáculo da vida. Nada me perturbava.

No caminho de volta para casa, tudo me parecia perfeito. Dentro do ônibus cheio eu me levantei para ceder meu lugar, não para uma velhinha ou um cara sem uma perna. Eu cedi meu lugar para um rapaz jovem e saudável. Fiz isso apenas porque ele parecia cansado, aborrecido com sua rotina. E eu transbordava alegria! Cada partícula de mim parecia exalar torrentes de energia, e eu me sentia capaz de vencer o mundo... A coisa que eu sinceramente mais desejava naquele momento (dou minha palavra!) era o bem do meu próximo. Como eu gostaria de poder dividir o que eu estava “vendo” e sentindo com o resto da humanidade! Supondo que isto fosse possível, seria o fim da dor e do sofrimento neste nosso planetinha difícil. Um sorriso que parecia permanente estava instalado em minha face, involuntariamente, e eu sei (mesmo!) que naquele momento seria capaz de oferecer a face esquerda, se alguém me mandasse um tapão na direita.

Enquanto eu viver, tenho certeza, nunca esquecerei do dia que eu tentei descrever no post anterior. Mas depois de experimentar essa poderosíssima experiência interior, que os hindus chamam de “Samadhi (iluminação)”, a única coisa que eu então poderia temer me aconteceu: No dia seguinte a este, em que o Universo se descortinou diante dos meus olhos, despertei na minha cama como se fosse só mais um dia comum... Isso não deveria acontecer! Não podia acontecer... Num dia, eu provara o estado de iluminação espiritual mais precioso, uma espécie de super “insight”; aquilo que monges e místicos procuram, suas vidas inteiras, muitas vezes sem conseguir alcançar. No outro, eu simplesmente acordo... normal. Do jeito normal de sempre. O meu mental voltara ao estado ordinário de preocupação com os problemas imediatos, materialistas.

Isso foi muito frustrante. Mais que frustrante. O que eu tinha vivido foi tão intenso, tão espetacularmente incrível, que eu pensei, enquanto acontecia, que nunca mais voltaria para minha vidinha medíocre. Achei que sairia dali pronto para transformar o mundo, que todas as respostas continuariam surgindo diante dos meus olhos, como que por mágica; que eu nunca mais passaria por dificuldades, nem internas nem externas, que estaria apto a salvar e curar todos aqueles que cruzassem o meu caminho, com apenas um toque ou uma palavra. Que pena, isso não aconteceu...

Mas também devo dizer que, depois desse dia, eu nunca mais voltaria a ser o mesmo. A intensidade da Luz ao meu redor diminuiu. Ou melhor, a minha capacidade para ver a Luz diminuiu. Mas só o fato de ter “visto” a Luz, saber que ela de fato existe, foi o suficiente para fazer de mim um novo ser humano, para sempre. E esse assunto não acaba aqui.

Mas a busca teria que continuar. Sabe aquele provérbio popular que diz que para se ter sucesso é preciso 10% de inspiração e 90% de transpiração? Pois é...

Agora era como ter uma base sólida debaixo dos meus pés, para continuar caminhando: Essa base era saber que este mundo é ilusório. Que as dificuldades são ilusórias, e que existe algo maior por trás das aparências deste mundo desumano. Algo por que vale a pena procurar, perseguir. E, se eu já fazia isso antes, agora minhas motivações se redobravam. Claro que há muitos caminhos equivocados para se seguir, como eu já havia descoberto. Ou será que todos os caminhos levariam ao mesmo lugar, e no fim tudo dependeria do estágio evolutivo de cada um? Bem, isso é assunto para se discutir por dias... Que eu vou deixar para quando terminar de contar a história da minha busca.

Agora começaria minha fase esotérica. Gnose, Rosacruz, Sociedade Teosófica, Illuminati(é...), Templários(ooohhh...)... Passei por tudo isso, ou estudei profundamente. E olha, foi muito antes do Dan Brown (Código Da Vinci) descobrir que esses assuntos todos poderiam servir como ótima fonte de renda... Por hora não vou tratar detalhadamente de cada uma dessas instituições, ordens e seitas. Eu pretendo fazer isso no momento oportuno, já que fazer isso agora demandaria espaço demasiado. Por enquanto, vou falar apenas das minhas experiências pessoais, como venho fazendo até aqui. Quero deixar minhas impressões e compartilhar as principais situações que vivi dentro de cada uma delas. Posteriormente, sim, desejo voltar ao assunto com a profundidade que ele merece.

Começarei a partir do próximo post com uma das ordens esotéricas mais antigas que existem: A Gnose.